Pacientes com diabetes tem um risco de desenvolver doença cardiovascular que aumenta ao longo do tempo, igualando o risco de quem já teve doença coronariana após 5 a 10 anos de doença.
As complicações da aterosclerose usualmente aparecem na vida adulta, porém crianças com fatores de risco para a doença coronariana podem apresentar precocemente lesões no endotélio que as colocam em risco aumentado e progressivo para essas complicações
Os grandes estudos de tratamento intensivo, como o STENO-2, tem mostrado que mais do que o controle glicêmico, os níveis de pressão arterial, colesterol e o tabagismo são os principais itens que colaboram com, e aceleram a doença cardíaca coronariana.
A prevalência de hipertensão arterial entre adolescentes (12-19anos) é muito maior do que se imagina. Na população adolescente geral gira em torno de 8%, nos adolescentes com diabetes tipo 2 é maior que 70% e nos adolescentes com diabetes tipo 1 é de 20%.
Além disso, é comum que diabéticos tipo 1 tenham outros fatores de risco para doença cardiovascular, e que esses fatores sejam absolutamente ignorados pelos médicos assistentes, pelo simples fato de que no dia a dia, nos acostumamos a relacionar doença cardiovascular com gordura e com o envelhecimento. Isso nos faz perder uma excelente oportunidade de prevenir precocemente complicações futuras.
Os trabalhos mais recentes têm mostrado que a presença da hipertensão arterial em crianças e adolescentes se relaciona com aumento da espessura da camada intimal da artéria carótida, evidenciando uma lesão inflamatória precoce. Além disso a hipertensão arterial noturna tem relação direta com lesão renal (nefropatia) e um trabalho recém publicado na revista Diabetes Care mostra também a relação com o aumento da camada intimal e hipertensão noturna.
De forma rotineira, os médicos assistentes devem aferir a pressão arterial de todo paciente com diabetes tipo 1, além de realizar screening para outros fatores de risco como dislipidemia, obesidade, tabagismo, etc, e orientar aos pacientes que todas as vezes que forem dosar a glicose de madrugada, também devem aferir a pressão arterial.
A detecção precoce da hipertensão arterial diurna ou noturna em diabéticos tipo 1 pode levar a tratamento oportuno e redução das complicações.
Sérgio Vencio – Conselho editorial do site SBD
Presidente da SBEM-Goias
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